Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Diante dos acontecimentos climáticos extraordinários que atingiram o nosso Estado do Rio Grande do Sul, podemos estar chocados com o impacto dos danos, em muitas localidades e cidades, deixando um rastro de destruição que atingiu a natureza, ceifou vidas, destruí casas, empresas e também parte da infraestrutura rodoviária e ferroviária, que são de importância fundamental para a assistência aos desalojados, para a reconstrução das instituições que serviam às comunidades, e a retomada das atividades econômicas.
Através de um esforço conjunto entre os governos, as empresas, as instituições e a corresponsabilidade coletiva, poderemos abreviar o tempo da angústia, do medo, da dor e da incerteza, que hoje aflige milhares de pessoas vitimadas por essa tragédia, e gostariam de refazer a vida ou retomar o cotidiano da vida, onde for possível. Toda esta realidade que nos feriu de forma coletiva está sendo amenizada, na questão humanitária, pela resposta solidária que envolveu instituições civis e religiosas, empresas e poder público. Uma ação solidária que ultrapassou as fronteiras do Brasil, porque a tragédia chamou a atenção também da mídia internacional pela sua magnitude.
Por isso, se faz necessário mantermos aberta a porta do coração para a ação solidária, tendo presente que na medida em que as águas dos rios retornam ao seu leito, nos deparamos com a lama e a destruição das casas e de toda uma realidade que fazia parte da vida das pessoas nas suas comunidades. O sentido de pertença a uma comunidade tem um significado importante para as pessoas, porque é na família e na comunidade, “família alargada”, que vivemos as alegrias, as dores, as desilusões, as provações e celebramos a nossa caminhada de fé, que alimenta a esperança e dá um novo significado à vida, dom de Deus, mesmo quando ela está ferida. A luz do Ressuscitado abre aos homens e mulheres de fé novos horizontes, que lhes oferece a possibilidade de encontrar um novo sentido em tudo aquilo que acontece ao longo da vida.
A Igreja, comunidade de fé, tem como missão anunciar o Reino de Deus ao mundo. Podemos dizer que é uma missão sublime, mas, ao mesmo tempo, árdua; na qual os discípulos devem empenhar as próprias forças, sem desprezar a graça de Deus: “Não tenhais medo, porque eu estarei contigo e ninguém procurará fazer-te mal” (At 18,9-10). A promessa de Jesus Ressuscitado, feita aos discípulos que iniciam o anúncio e a missão junto às primeiras comunidades, não pode ser esquecida pela comunidade cristã: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 1,22,23). É com essa confiança, de que o Senhor caminha conosco, que iremos ajudar as pessoas a reconstruírem suas vidas, também no sentido de comunidade de fé, tendo presente que a Igreja, mesmo sendo uma comunidade ferida e frágil, é, ao mesmo tempo, portadora de uma mensagem de esperança para todos os seus filhos. Todos os fiéis podem encontrar na Igreja um espaço de crescimento espiritual, porque esta não é constituída por uma elite de puros, mas é uma comunidade de “feridos”, que acolhem e caminham para a santidade na casa do Pai.