A Páscoa é uma data central na fé cristã, mas a maneira como diferentes grupos a celebram pode variar bastante. Para os católicos, a Quaresma é um período de reflexão, arrependimento e preparação para a grande celebração da ressurreição de Cristo. No entanto, para os evangélicos, essa preparação toma outro rumo, com uma ênfase mais direta na Páscoa, sem a prática da Quaresma. Esse contraste entre as tradições católica e evangélica desperta muitas perguntas sobre os motivos dessa diferença.
A Quaresma, para os católicos, é um tempo de jejum e oração, um momento para refletir sobre os sacrifícios de Jesus e se preparar para a celebração da sua ressurreição. Durante esses 40 dias, os fiéis são incentivados a se abster de prazeres mundanos, como alimentos específicos ou atividades que possam afastá-los de uma meditação mais profunda sobre o sofrimento de Cristo. Contudo, essa prática não encontra o mesmo significado entre os evangélicos, que optam por outros caminhos para expressar sua devoção durante esse período.
Para os evangélicos, a Páscoa é um momento de celebração da vitória de Jesus sobre a morte e do triunfo da vida eterna. Ao invés de um período de penitência como na Quaresma, os evangélicos preferem se concentrar na alegria e gratidão pelo sacrifício de Cristo na cruz. A ênfase está na ressurreição e em sua importância para a fé cristã, pois é por meio dessa ressurreição que a salvação se torna possível para todos os crentes.
Outro aspecto importante é que os evangélicos, de forma geral, não seguem um calendário litúrgico tão rígido como o dos católicos. Eles tendem a adotar uma prática mais individualizada, focada no estudo da Bíblia e na relação pessoal com Deus. Para muitos evangélicos, a observância de datas específicas, como a Quaresma, não é vista como essencial para a vida cristã. Ao invés disso, há uma ênfase em viver os princípios cristãos de forma constante, sem precisar de um período específico de preparação.
É importante ressaltar que, embora os evangélicos não celebrem a Quaresma como os católicos, isso não significa que eles ignorem o significado profundo da morte e ressurreição de Jesus. Para eles, a Páscoa é uma oportunidade para reforçar os fundamentos da fé cristã, lembrando a importância da morte redentora de Cristo, que oferece perdão e esperança para todos. A celebração é marcada por cultos, louvores e momentos de comunhão com a comunidade.
Além disso, muitos evangélicos também utilizam a Páscoa como uma oportunidade para compartilhar o evangelho com outras pessoas, lembrando-as do grande sacrifício de Cristo por toda a humanidade. Ao invés de um período de reflexão e penitência, como a Quaresma, a celebração da Páscoa entre os evangélicos é mais voltada para a proclamação da boa nova de Cristo, enfatizando a alegria da salvação e o chamado à fé.
A ausência da Quaresma nas práticas evangélicas está, portanto, relacionada a uma diferença teológica e litúrgica com o catolicismo. A visão evangélica sobre a salvação e a relação com Deus é mais direta e não depende de rituais específicos para que o fiel sinta que está se aproximando de Deus. Isso não significa que a disciplina espiritual e a reflexão sobre a obra de Cristo não sejam importantes; pelo contrário, elas são fundamentais para os evangélicos, mas são abordadas de maneira contínua, sem a necessidade de um período formalizado como a Quaresma.
Por fim, embora as tradições entre os católicos e os evangélicos sejam diferentes, a mensagem central da Páscoa permanece a mesma para ambos os grupos: a vitória de Cristo sobre a morte e a promessa de vida eterna para todos os que crêem. A maneira como essa mensagem é vivenciada pode variar, mas o amor de Deus e o sacrifício de Jesus são os pilares que unem todas as denominações cristãs, especialmente durante o período da Páscoa.
Autor : Silvye Merth